RESILIÊNCIA E ANDRIZOMAI
A professora de pedagogia, surpreendeu a sua classe quando perguntou abruptamente: “Quem sabe o que é resiliência?” Houve, naturalmente, um silêncio e acentuada curiosidade em relação a esse vocábulo aplicado à pedagogia.
É opinião unânime entre intelectuais ser o termo resiliência, não muito usado no Brasil, embora seja comum na Europa e nos Estados Unidos. Houaiss assim define o substantivo resiliência: “propriedade que alguns corpos apresentam a uma deformação elástica; capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças”; o adjetivo resiliente, “saltar para trás, ser impelido, relançado; pelo inglês, ‘resilient’ (1674), elástico; com rápida capacidade de recuperação”. Apresenta, também, a conotação de resistência de materiais na área da Engenharia, Física e Odontologia. Hoje, resiliência é polivalente em diversas áreas, especialmente na Psicologia e Pedagogia, na dimensão da flexibilidade de adaptações, etc..
Estudiosos desenvolveram rigorosa pesquisa com 72 crianças, 42 meninas e 30 meninos, envolvidas em pobreza, baixo peso no nascimento e muitas com pais alcoólatras. Para surpresa dos pesquisadores, nenhuma dessas crianças desenvolveu problemas de aprendizagem ou de comportamento, o que foi considerado, então, sinal de adaptação ou ajustamento. Por tal constatação, as crianças foram consideradas “resilientes”, o que seria igual à “invulnerabilidade às adversidades”.
Praticamente, todas as áreas do saber humano requerem muita resiliência. Imaginar uma professora na sala de aula e, de repente, levanta-se um aluno e se assenta na mesa onde também coloca o seu revólver e diz: “Hoje aqui não há aula!” Semelhante situação é a de um aluno colando numa prova e, quando o professor se aproxima, esse suspende a camisa e lhe mostra uma arma. Somando-se a isso, há, ainda, o baixo salário do professor e a falta de recursos pedagógicos. O professor é obrigado a conviver com o mundo cão de uma sociedade em decadência e suas imprevisibilidades, exigindo mais jogo de cintura dele ou maior capacidade de resiliência.
ANDRIZOMAI: Apesar do encanto neo-acadêmico com o vocábulo resiliência, como diz o Livro Sagrado “nada é novo debaixo do céu”. No ano 55 d.C., o Apóstolo Paulo disse: “Portai-vos varonilmente, fortalecei-vos”, I Coríntios 16:13. Faz-se presente o vocábulo grego ‘andrizomai’, com o sentido inicial de “conduzir-se corajosamente”. Figuradamente, quer dizer: “Parem de agir como criancinhas e comecem a ter atitudes de adultos”. O filósofo Aristóteles usava essa palavra apontando “a coragem que ele descreve como o meio termo entre o temor e a confiança” (Ética a Nicômano). Nos papiros, ‘andrizomai’ era uma exortação: “Portanto, não temam, mas sejam corajosos como homens”.
O Duque de Wellington veio a ser chamado de o “Duque de Ferro”. No forte combate de Waterloo, comandando as forças britânicas contra as de Napoleão, suas tropas estavam a ponto de retroceder, pedindo os seus oficiais autorização para o toque de retirada. O Duque de Ferro respondeu: “Meu plano é simplesmente agüentar firme até ao último homem”. Surpreendentemente, a Batalha de Warteloo foi ganha pelo homem de ferro que não se entregou em momento algum. Isso é resiliência; isso é andrizomai!
Dr. Agnaldo L. do Sacramento
Comentários
Adorei o artigo.kkkkkkkkkkkkkkk
JB ciencia da religião